31 de março de 2010

Chove, Chuva.

Hoje, mais que nunca, banho de chuva me parece extremamente necessário. E não me importo com coisas que se encharcaram ou quebraram, são só...coisas. Valem mais as gotas escorrendo, sentindo cada curva do meu - e do seu - rosto. Afinal, a chuva era inevitável, ela tinha que ocorrer, tinha de estar alí. Ela - e você - me fizeram sem ar, me fizeram sorrir, me fizeram mais eu.
Meu medo foi embora e só ficou essa loucura no peito, que não se sabe bem o que.

26 de março de 2010

De pouco em pouco

Que mistério, moça
Te ronda, te envolve
Me deixa nervosa
E tens que é bela

Não sabes de mim
Mas me tem como se soubesse
Seu olhar não tem fim
E se perde quando o meu se esquece

Me descobre, te descubro
O sabor é melhor quando adiamos
Mordemos aos poucos
Guardamos o gosto

22 de março de 2010

Será assim

Assim que quer, assim será, eu vou pra não voltar
Eu não queria ir assim
Tão triste, triste...
Há de encontrar um encantador, um novo ou velho amor
e você vai ser mais feliz longe de mim, por isso eu vou.
Mas não me peça pra amar outra mulher que não você.
Olhar o tempo ir sem ver
os seus abraços, seu sorriso ou suas rimas de amor.

17 de março de 2010

Tocaria a vida toda
Cantaria mais ainda
Se assim
A tivesse em sintonia

Simplesmente nada

Podes ficar com ele
Podes ficar com outros
Podes me contar
Eu não sinto
Fico cega
Escuto como uma música de fundo

Nunca vi bater tão forte
Tão depressa
Sorrir tanto, chorar tanto
Fazer tão bem, tão mal

É único, mas é feio
Feio porque não queres
O carinho que te quero dar
O amor que mereces ter
E aqui está
Bem guardado, escondido
E assim sigo em frente
No vazio...No vazio...

Um só

Seu cheiro é doce
E fica penetrado em mim
Sua mão úmida e quente
Me esquenta, me afaga
Seu corpo moreno
Se molda junto ao meu
Até que o meu seja seu
Até que o seu seja nosso
E o nosso seja um só

16 de março de 2010

No meu ouvido

seu cheiro inda está na minha pele
seu beijo na minha boca
o carinho no meu corpo
a bagunça no meu quarto
e as três palavrinhas de amor ainda sinto sussurrar no meu ouvido.

15 de março de 2010

Precipício

Como um precipício. Eu me jogo, mas no meio do caminho, decido parar. Uma hora a gente cai. O que não se sabe, é se vai demorar ou não...Se o ar batendo no rosto vale a pena ou não. E se você tá sozinho, ou alguém pulou com você.
Mas apesar de tudo...O frio na barriga é bom, o vento refresca, o medo e a adrenalina te deixam flutuar.

11 de março de 2010

Melodia sentimental

Era uma noite fria e calma. Me sentia sufocado com um aperto que havia em minha garganta e me roubava o ar. O tempo passava lentamente e eu não via a hora de sair daquele quarto de hotel. Coloquei um casaco, me calcei, peguei as chaves e os cigarros.
A rua estava ainda mais vazia que o quarto e o silêncio só era interrompido de tempo em tempo quando passava um carro. Comecei a andar para o lado mais iluminado, fechando os olhos para sentir melhor o vento felado que cortava meus lábios e a maça do rosto. Vasculhei no volso grande do casaco o maço de cigarro e com grande dificuldade o acendi. Dei uma longa tragada...como era bom sentir novamente algo que não fosse um enorme vazio no peito. A fumaça me esquentou.
Resolvi então, dar uma volta na quadra. Quando virava a esquina, esbarrei em um casal. Não deu outra: os pensamentos voltaram a tona. Será que ela ainda me amava? Já era hora de pedir desculpas e voltar pra casa? Eu não queria pensar naquilo, doía, como se uma faca cega estivesse me contando aos poucos por dentro.
Tentando me concentrar em outra coisa, dobrando mais uma esquina, comecei a fumar um novo cigarro. Subia agora uma ladeira um pouco mais movimentada. Não sabia se meu pulmão aguentaria, mas segui em frente. Avistei um homem parado num canto, em pé. Segurava algo nos braços. Uma melodia conhecida começou a afagar meus ouvidos...Era delicada e suave. Apressei o passo e chegando mais perto entendi: um violino.
O homem se vestia elegantemente, usava um chapéu coco e tinha bigode. Me aproximei e sentei no meio fio. Sem nem notar minha presença, por algum tempo, ele tocou repetidamente aquela canção. Quando parou, guardou rapidamente o instrumento e andando jeitosamente, sumiu nas sombras da noite escura. E pela primeira vez em longos dias, o tempo passou depressa.

9 de março de 2010

Distante do meu sol

Procuro canções
Que traduzam meus sentimentos
Os dias vão
Você ao meu lado
Mas não posso sequer
Sentir seu calor

6 de março de 2010

Ninguém venha me dar vida

Ninguém venha me dar vida,
que estou morrendo de amor,
que estou feliz de morrer,
que não tenho mal nem dor,
que estou de sonho ferido,
que não me quero curar,
que estou deixando de ser,
e não quero me encontrar,
que estou dentro de um navio,
que sei que vai naufragar,
já não falo e ainda sorrio,
porque está perto de mim
o dono verde do mar
que busquei desde o começo,
e estava apenas no fim.
Corações, por que chorais?
Preparai meu arremesso
para as algas e os corais.
Fim ditoso, hora feliz:
guardai meu amor sem preço,
que só quis quem não me quis.

Cecília Meireles

5 de março de 2010

De lá e de cá

Se levanta no escuro
O café, o pão de ontem
Desce pra rua
Ganhar seu vintém

É preciso equilíbrio
A corda bamba fina
De um lado pouco por muito
Ou o risco da vida por mais

Onde vai parar um país
Que a vontade de capital
Ganha do bem estar do povo
Que choque de ordem existe
E só se pensa em melhoria
Pra confortar quem não é daqui

Se levanta no escuro
O café, o aipim colhido
Vai pra terra
Colher seu vintém

Com muito esforço
Ganhou sua terra
E agora luta
Para não perdê-la

Onde vai parar um país
Que a vontade do capital
Ganha da igualdade
Reforma Agrária? Nem pensar
O melhor mesmo é lucrar.

4 de março de 2010

Ao menos, uma vida plena

Podia deitar sobre meus braços
Dormir esse sono calmo comigo
Sentir o vento gelado e não sentir frio
Calar meus barulhinhos com um beijo
Escorregar suas mãos quentes nas minhas costas

Podia viver uma vida plena
E vives.
Aquela de amor sereno
Que cuida, que canta
Mas cuida dele
Canta pra ele.

3 de março de 2010

Todo dia, andando pelas ruas, passando pelos lugares, espero vê-la
Sempre observando, procurando, pra ver se vem, se passa
É tudo tão perto que não consigo entender como não nos esbarramos
E mesmo nunca encontrando, continuo como uma abelha procurando pela flor
Até que um dia, quando menos espero a vejo, andando distante de mim
Caminhando em outra atmosfera, com seu olhar absorto e demasiado sério
Como se nada a volta a interessasse e ela mergulhasse em seus pensamentos
Assim foi, ela lá, eu cá
Tudo aconteceu em segundos como um flash rápido
Mas o seu andar, ficará sempre em mim...

2 de março de 2010

Abandono

Venha me dizer que andou errada
Para que eu fique por minha vontade
E não pela força
Que não quero mais

Chore, mas não se afunde
Cuide mais de ti, não de mim
Eu quis ir
E agora seus sentimentos transbordam

Eu vou embora
Mas volto pra te ver
E você vai ser outra
Como eu sempre quis, vai entender.